É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?

Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo?

Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquanto cada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretudo, daqueles cuja tutela vos foi confiada. Mas, por isso mesmo, deveis fazê-lo com moderação, para um fim útil, e não, como as mais das vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensão é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda seja cumprido com todo o cuidado possível. Ao demais, a censura que alguém faça a outrem deve ao mesmo tempo dirigi-la a si próprio, procurando saber se não a terá merecido. - S. Luís. (Paris, 1860.)

Será repreensível notarem-se as imperfeições dos outros, quando daí nenhum proveito possa resultar para eles, uma vez que não sejam divulgadas?

Tudo depende da intenção. Decerto, a ninguém é defeso ver o mal, quando ele existe. Fora mesmo inconveniente ver em toda a parte só o bem. Semelhante ilusão prejudicaria o progresso. O erro está no fazer-se que a observação redunde em detrimento do próximo, desacreditando-o, sem necessidade, na opinião geral. Igualmente repreensível seria fazê-lo alguém apenas para dar expansão a um sentimento de malevolência e à satisfação de apanhar os outros em falta. Dá-se inteiramente o contrário quando, estendendo sobre o mal um véu, para que o público não o veja, aquele que note os defeitos do próximo o faça em seu proveito pessoal, isto é, para se exercitar em evitar o que reprova nos outros. Essa observação, em suma, não é proveitosa ao moralista? Como pintaria ele os defeitos humanos, se não estudasse os modelos? - S. Luís. (Paris, 1860.)

Haverá casos em que convenha se desvende o mal de outrem?

É muito delicada esta questão e, para resolvê-la, necessário se toma apelar para a caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa só a ela prejudicam, nenhuma utilidade haverá nunca em divulgá-la. Se, porém, podem acarretar prejuízo a terceiros, devese atender de preferência ao interesse do maior número. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever, pois mais vale caia um homem, do que virem muitos a ser suas vítimas. Em tal caso, deve-se pesar a soma das vantagens e dos inconvenientes. - São Luís. (Paris, 1860.)

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 10. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br.

Somente Caridade

Nos movimentos do mundo,
Caridade vem a ser
Pessoa que dá socorro
Sem pensar em receber.
(Lucano Reis)

Caridade complicada,
Mas, que é bênção onde fores.
Não faças promessas vãs,
Nem enganes teus credores.
(Álvaro Vianna)

Das formas de caridade,
Sempre nobres e diversas,
Uma das mais elevadas
É a que se faz nas conversas.
(Maria Dolores)

Hoje, vi a caridade
Mostrando-se em doces brilhos:
Mãe faminta repartindo
Um pão para cinco filhos
(André Rodrigues)

Detestava a caridade
O amigo Afonso Gazola;
Era rico... Perdeu tudo...
Faleceu pedindo esmolas.
(Cornélio Pires)

Caridade na roseira
Tem altas lições de amor...
Ao estrume que lhe atiram
Responde em safras de flor. (Meimei)

Negando-te à caridade,
Alegas vários porquês,
Entretanto, diz a vida:
Deus te dá para que dês.
(Américo Falcão)

Ante o irmão irritadiço,
Cujo verbo desagrade,
Cala-te e espera lembrando
Que o silêncio é caridade.
(Mariana Luz)

Diretriz abençoada
Que vive em nossa lembrança:
Não sonegues a ninguém
A palavra de esperança.
(Sílvio Fontoura)

A caridade na Terra
A santos, crentes e ateus,
É a presença de Jesus
Agindo em nome de Deus.
(Carlos Gondim)

XAVIER, Francisco Cândido; BACCELLI, Carlos A.. Confia e Serve. Espíritos Diversos. IDE.

Opiniões Convencionais

"A multidão respondeu: Tens demônio; quem procura matar-te?" - (JOÃO, capítulo 7, versículo 20.)

Não te prendas excessivamente aos juízos da multidão. O convencionalismo e o hábito possuem sobre ela forças vigorosas.

Se toleras ofensas com amor, chama-te covarde.

Se perdoas com desinteresse, considera-te tolo.

Se sofres com paciência, nega-te valor.

Se espalhas o bem com abnegação, acusa-te de louco.

Se adquires característicos do amor sublime e santificante, julga-te doente.

Se desestimas os gozos vulgares, classifica-te de anormal.

Se te mostras piedoso, assevera que te envelheceste e cansaste antes do tempo.

Se adotas a simplicidade por norma, ironiza-te às ocultas.

Se respeitas a ordem e a hierarquia, qualifica-te de bajulador.

Se reverencias a Lei, aponta-te como medroso.

Se és prudente e digno, chama-te fanático e perturbado.

No entanto, essa mesma multidão, pela voz de seus maiorais, ensina o amor aos semelhantes, o culto da legalidade e a religião do dever. Em seus círculos, porém, o excesso de palavras não permite, por enquanto, o reinado da compreensão.

É indispensável suportar-lhe a inconsciência para atendermos com proveito às nossas obrigações perante Deus.

Não te irrites, nem desanimes.

O próprio Jesus foi alvo, sem razão de ser, dos sarcasmos da opinião pública.

XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 177.

Questões 981 a 982 - Natureza das penas e gozos futuros

Respostas dos guias espirituais para Allan Kardec no Livro dos Espíritos.

981. Com relação ao estado futuro do Espírito, haverá diferença entre um que, em vida, teme a morte e outro que a encara com indiferença e mesmo com alegria?

"Muito grande pode ser a diferença. Entretanto, apaga-se com freqüência em face das causas determinantes desse temor ou desse desejo. Quer a tema, quer a deseje, pode o homem ser propelido por sentimentos muito diversos e são estes sentimentos que influem no estado do Espírito. É evidente, por exemplo, que naquele que deseja a morte, unicamente porque vê nela o termo de suas tribulações, há uma espécie de queixa contra a Providência e contra as provas que lhe cumpre suportar."

982. Será necessário que professemos o Espiritismo e creiamos nas manifestações espíritas, para termos assegurada a nossa sorte na vida futura?

"Se assim fosse, seguir-se-ia que estariam deserdados todos os que não crêem, ou que não tiveram ensejo de esclarecer-se, o que seria absurdo. Só o bem assegura a sorte futura. Ora, o bem é sempre o bem, qualquer que seja o caminho que a ele conduza." (165-799)

Comentário de Allan Kardec:

A crença no Espiritismo ajuda o homem a se melhorar, firmando-lhe as idéias sobre certos pontos do futuro. Apressa o adiantamento dos indivíduos e das massas, porque faculta nos inteiremos do que seremos um dia. É um ponto de apoio, uma luz que nos guia. O Espiritismo ensina o homem a suportar as provas com paciência e resignação; afasta-o dos atos que possam retardar-lhe a felicidade, mas ninguém diz que, sem ele, não possa ela ser conseguida.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 76.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1995.

Convite à Simplicidade

"Considerai os lírios" (Lucas: capítulo 12º, versículo 27.)

Complementos e atavios representam não poucas vezes dispensáveis adornos.

Como o excesso em uns é escassez noutros, onde abundam complexidades rareiam sensatez e equilíbrio.

O belo exterioriza-se em aura de harmonia e a força da beleza reside na discrição da simplicidade.

A sabedoria consiste em apresentar com simplicidade os mais complexos conceitos, utilizando-se de expressões fáceis.

Supõem muitas pessoas que as construções verbais gongóricas, em que abundam verbetes inusuais, revelam conhecimento. Verdadeiramente tal comportamento reflete exibição de linguagem com prejuízo da clareza na informação.

A vida moderna, com as múltiplas facetas em que se apresenta, constringe o homem, tolhendo-lhe muito da espontaneidade, engendrando fugas psicológicas à realidade, que funcionam como drenos à emoção sobrecarregada de tensão e ansiedade.

Simples, pulcras, são todas as coisas de elevada grandeza e de alto sentido espiritual. Os homens que se notabilizaram nos diversos campos do conhecimento humano e se revelaram protótipos da beleza espiritual nas artes, na filosofia, mártires da fé e heróis da renúncia, se fizeram caracterizar e se engrandeceram através da simplicidade, envergando as vestes da humildade.

Os utilitaristas estão engajados nos grupos dos oportunistas e se mascaram com artifícios superficiais, impressionando pelo exterior todavia vazios de conteúdo e valor.

Vencem pela força incapazes de se vencerem a si mesmos.

Arrimados à petulância tornam-se violentos e sem qualidades morais legítimas preferem ser temidos por total impossibilidade de se fazerem amados.

Constituem as classes dominadoras, transitando pelos estreitos corredores de tormentosas frustrações, que não raro terminam na porta falsa do suicídio direto ou indireto.

Resguarda-te na simplicidade.

Evita as aparências fulgurantes e malsinadas.

Reflete na lição do Senhor em torno dos lírios do campo e sua beleza comovedora, insuperável, medrando a esmo, do lodo, exteriorizando aroma penetrante.

Ele próprio, Nosso Divino Senhor, cantando e vivendo as excelsas belezas do Reino Celeste, se utilizou da simplicidade de tal modo que o Seu Evangelho continua como um hino de luz tecido com as melodias inspiradas no povo simples e sofredor de todos os tempos.

FRANCO, Divaldo Pereira. Convites da Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 54.