Súplica do Órfão
Mãezinha, sinto hoje imensa saudade de você!
O dia se doura e as flores arrebentam em perfume,
cantando um sinfonia de cores e de música, que me
embala o próprio coração.
Mas não a encontro, mãezinha!
A casa da minha alma se cobre de tristeza, porque
sua voz não mais canta, melodiosa, aos meus ouvidos...
Disseram-me que você partiu, deixando-me tão pequeno
e só!
Por que você se foi, mamãezinha?
Informaram-me que Nosso Senhor recolhe as mãezinhas
na Terra, para convertê-las em estrelas nos céus. Não
acreditei!
Todavia, quando a noite da soledade me envolveu na
escuridão, vi duas estrelas brilhando junto de mim...
Seriam seus olhos fulgurantes, clareando meus passos
trôpegos?
Oh! Mamãezinha, ouço em derredor outras crianças que
gritam e abraçam em transportes de júbilo o abençoado
coração maternal! Somente eu não tenho mais você!...
Sou débil plantinha que não encontra alfombra
para agasalhar-se, nem mesmo tronco robusto para
se apoiar...
Todavia, eu sei que você partiu, embora eu a sinta
comigo, pois que, freqüentemente, me parece ouvir
a sua voz, cantando baixinho aos ouvidos do meu
coração, uma doce canção de ninar, quando eu não
consigo dormir...
Enquanto as casas se iluminam e a Terra inteira se
veste de alegria para homenagear as mães, deixe-me
dizer também com as outras criancinhas: Deus a
abençoe, mamãe!...
E, se lhe for permitido, somente hoje, quando eu me
for deitar, volte outra vez ao meu berço pequenino,
e repita bem suavemente, para que somente eu possa
ouvir: Durma, durma, meu filinho, para que os anjos
dos céus venham buscá-lo...
Pelo Espírito Anália Franco.