O Vagabundo

Ei-lo que passa na estrada,
De roupinha esfarrapada,
Sem mãos amigas de alguém.
Pobrezinho!... é vagabundo,
Vagueia por este mundo.
Sem ninguém.

Às vezes, tem sede e fome,
Na miséria que o consome,
De pés e bracinhos nus...
Tão tenro e de alma sombria!
Sem amor, sem alegria
E sem luz.

Mete pena vê-lo à solta
De cabeleira revolta,
Tal a penúria em que vai;
Sua alma geme e padece,
Não teve mãe que o quisesse
E nem pai.

Tenhamos piedade ao vê-lo.
Quem não pede auxílio e zelo
Num bocadito de amor?!...
Como punge, no caminho,
Tanta falta de carinho,
Tanta dor...

Lembremos, em nossa vida,
Que essa criança ferida,
Como nós, tem coração;
Que esse pequeno mendigo
Seja agora nosso amigo,
Nosso irmão.

XAVIER, Francisco Cândido. Jardim de Infância. Pelo Espírito João de Deus. FEB. Capítulo 12.