Esperanto

O Esperanto – mensageiro
De encantados tempos novos –
Erguerá nações e povos
Do campo de lodo e pó.
Da Harmonia timoneiro,
Que os portos da paz descerra,
Libertará toda a Terra,
Na glória de um mundo só!

Vemo-lo já, no futuro,
Fulgente, impávido e forte,
Vencendo a miséria e a morte,
– Luz fraterna em sendas mil!
Chave de amor santo e puro,
Abrirá caminhos grandes,
Do altivo Himalaia aos Andes,
Da Cochinchina ao Brasil.

Nessa eminência sublime
Do mundo regenerado,
Não haverá Jove irado,
Cujos carros fugirão;
Nem Babilônias do crime
Bebendo em festins sangrentos,
Nem purpúreos paramentos
De senhores da ilusão.

Seus luzidos estandartes
Brilharão no mundo inteiro,
Abolindo o cativeiro
A que a maldade conduz;
Convertendo os Bonapartes
Em benfeitores amados,
De canhões – forjando arados,
De balas – penas de luz!

Hífen de sol, religando
Os Templos da Humanidade,
Da grande fraternidade
Fazendo virtude e lei;
Orgulho triste e nefando,
Que torvas guerras produzes,
Espadas, fuzis, obuses,
Mentiras, trevas – tremei!

Na Terra inda há sombra inglória
Da noite do mundo velho,
Embora seja o Evangelho
O Amor que do Alto reluz!
No limiar da vitória
Das verdades do Infinito,
Esperanto! Sê bendito
Ao doce olhar de Jesus!

Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito A. Castro Alves. Recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, na sessão pública do Grupo Espírita “Luiz Gonzaga”, em 26-5-1947. Fonte: Reformador de agosto de 1947, p. 177..