Tua Lâmpada
Tua fé viva! – tua lâmpada.
Zelarás por tua lâmpada para que as perturbações do caminho não te mergulhem nas trevas.
O serviço é a chama que lhe define a vida, a compaixão é o óleo que a sustenta.
Clareia a estrada para os que se acolhem na sombra e segue adiante!... Vê-los-ás
tresmalhados no grande tumulto...Entre eles, encontramos os que se julgam em liberdade,
quando não passam de cativos da ignorância e do ódio; os que deliram na ambição
desregrada, pisando o cairel de pavorosas desilusões, os que estadeiam soberbia nas
eminências do mundo, admitindo-se encouraçados de poder, sem perceberem o abismo que
os espreita; os que fizeram da vida culto incessante a todos os excessos e para quem a
morte breve surgirá por freio de contenção... E com eles se agitam aqueles outros que
desprezaram as vantagens do sofrimento, transformando o benefício da dor em cárcere de
revolta; os que descreram do trabalho e se enredaram no crime; os que desertaram da
consciência atirando-se ao fogo do remorso e os que perderam a fé, incapazes de sentir a
benção de Deus que lhes brilha no coração!...
Unge de amor o pensamento transviado de todos os que se demoram na retaguarda,
enlouquecidos por sinistros enganos e derrama o bálsamo do conforto nas feridas abertas de
quantos se afligem na estrada, sob a névoa do desespero!...
Para isso, não conte dificuldades, nem relaciones angústias. Auxilia e ama sempre.
Se garras de incompreensão ou de injúria te assaltaram na marcha, entrega os tesouros que
carregas abençoando as mãos que te firam ou te despojem, mas alça a tua flama de
confiança e caminha.
Cada golpe desferido na alma é renovação que aparece, cada espinho que se nos enterra na
carne do sonho é flor de verdade a enriquecer-nos o futuro, cada lágrima, vertida nos alimpa
a visão!...
Tua fé viva! – tua lâmpada!...
Faze-a fulgir, acima de tuas próprias fraquezas, para que um dia, possas transfigura-la em
estrela de eterna alegria, nos cimos da Grande Luz.
Pelo Espírito Emmanuel
XAVIER, Francisco Cândido. Caminho Espírita. Espíritos Diversos. IDE. Capítulo 1.