Timbolão

VAMOS LER:

Meus filhos, quem faz o mal
Tem o mal como lição.
Vejamos o triste caso
Do pequeno Timbolão.

PRIMEIRA PARTE

I

Apesar de bem crescido,
Forte, alegre e bonitão,
Era peralta e perverso
O menino Timbolão.

II

Saiu expulso da escola,
Enchendo a mamãe de amargor.
Atirara cinco bombas
Na mesa do professor.

III

Junto à casa dos vizinhos
Fazia sempre arruaças,
Pondo fogo no jardim
E apedrejando as vidraças.

IV

Abria malas e cofres
Manejando a velha pua,
E até fincava alfinetes
Nas mãos dos cegos na rua.

V

Dona Custódia, a mãezinha,
Lhe falava sempre assim:
- Ah! meu filho, seja bom!
Tenha piedade de mim.

VI

Mas o menino teimoso
Pouco ligava aos conselhos.
Depois de ouvir a mãezinha,
Quebrava copos e espelhos.

VII

Um dia, fez uma cobra
Toda de arame e papel,
Quebrando a perna doente
Na pobre dona Isabel.

VIII

Mais tarde, pôs na cozinha
Grande casca de banana,
Tentando dar outra queda
Na lavadeira Donana.

IX

Mas o pequeno esqueceu
E, indo ao tanque brincar,
Escorregou de repente,
Num tombo espetacular.

X

Aos gritos de toda a casa,
No barulho da aflição,
Lá se vai, escada abaixo,
O travesso Timbolão!...

SEGUNDA PARTE

I

Dona Custódia, chorando,
Chega de passo cansado...
Timbolão mais parecia
Um boneco ensangüentado...

II

Para limpar o nariz,
Trouxeram enorme fronha;
O sangue corria em bica.
A queda fora medonha.

III

Gritava e chorava tanto,
E parecia tão mal,
Que foi conduzido à pressa
Para o leito do hospital.

IV

O médico examinou,
Demonstrando inquietação.
Depois, falou muito aflito:
- Coitado do Timbolão!

V

Ele partira dois dentes,
Estava de testa inchada,
E tinha a perna direita
Toda ferida e quebrada.

VI

Envolvido em ataduras,
De olhar triste e cara fina,
Começou tomando soro
E muita penicilina.

VII

Mas a perna piorava
E era tanta a inflamação,
Que o doutor, sem mais demora,
Pediu a operação.

VIII

Timbolão, atado à mesa,
Gemia desesperado,
Mas lembrando, sempre e sempre,
Que ele mesmo era o culpado.

IX

Terminado o tratamento,
Parecia novo em tudo,
E abraçava a mamãezinha
Com grande atenção no estudo.

X

Infelizmente, o menino,
Por haver sido tão mau,
Conquanto agora bonzinho
Ficou com perna de pau.

XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Timbolão. Pelo Espírito Casimiro Cunha. FEB. Primeira parte pelo médium Francisco Cândido Xavier e segunda parte pelo médium Waldo Vieira.