Quem nos vê?

Conta-se que, certa vez, um agricultor cujos campos não produziam, optou por roubar trigo dos seus vizinhos.

Imaginou que se retirasse um pouco de trigo de cada campo, ninguém haveria de perceber. E ele teria com que se alimentar e à família.

Quando a noite chegou, tomou da filha, uma menina de 10 anos e foi ao campo de trigo do vizinho mais próximo.

Filha, – ele sussurrou – você fica de guarda. Se enxergar alguém, me avise logo.

Mal iniciara a colheita, ouviu a garota gritar:

Papai, alguém está vendo você!

Assustado, ele olhou ao redor. Não viu ninguém. Amarrou rapidamente o trigo que recolhera e foi para o segundo campo.

Logo a criança tornou a gritar:

Papai, alguém está vendo você!

Ele parou. Não havia ninguém à vista. Amarrou o trigo roubado e rumou para o terceiro campo.

De imediato, a menina gritou:

Papai, alguém está vendo você!

Irritado, ele foi para junto da filha e falou:

Por que você fica dizendo que alguém está me vendo? Não há ninguém por perto. Ninguém nos vê.

Num murmúrio, como se temesse ser ouvida por mais alguém, a menina disse:

Há sim, papai. Deus está vendo o que você faz. Ele tudo vê. Não importa seja noite escura, sem lua. Não importa que você faça escondido. Ele vê.

*

Quantas vezes, em nossas vidas, temos agido como o agricultor da história?

Realizamos ações às ocultas dos olhares humanos e imaginamos que ninguém jamais saberá o que fizemos.

Assim urdimos a calúnia, enganamos o próximo, armamos intrigas.

E que dizer dos crimes contra a vida, cometidos em salas fechadas, em noites escuras? Aborto, eutanásia, violências no lar.

Ainda somos daqueles que imaginamos que o mal não tem importância, desde que ninguém saiba que o cometemos.

No entanto, embora possamos passar impunes pelas leis dos homens, que não nos descobrirão os feitos covardes, a Divina Justiça tudo vê e anota.

Um dia, de consciência desperta, haveremos de responder perante a Lei Maior por tudo o que de errado fizemos.

E a justiça da Lei determina que seja dado a cada um conforme as próprias obras.

A chaga que abrimos na alma de alguém pode lhe ser luz e renovação. Mas para nós, os causadores da dor, será sempre chaga de aflição a nos pesar na vida.

A injúria que lançamos aos semelhantes é chibata mental que nos chicoteia.

Porque cada consciência vive dentro dos seus próprios reflexos, evitemos o mal, mesmo porque todo o mal que fizermos aos outros é mal para nós mesmos.

*

A fé raciocinada nos revela que nenhuma ação passa despercebida, que nada é desconsiderado na contabilidade divina.

Se acreditarmos nisso, com certeza agiremos melhor, para nossa própria felicidade.

Redação do Momento Espírita. Redação do Momento Espírita, com base no cap. Alguém está vendo você, de O livro das virtudes para crianças, de William J. Bennett, ed. Nova Fronteira e no cap. 47 do livro Justiça divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb..